Leia sempre, a leitura transforma.

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segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Quais são os países mais leitores do mundo?

Os benefícios de ler são múltiplos e comprovados. Estimula a criatividade, enriquece o mapa referencial, reforça processos cognitivos, por exemplo, afinando a memória. Em um plano coletivo, uma sociedade que lê mais, é uma sociedade menos vulnerável, mais inventiva e inclusive seu senso comum é menos medíocre. E neste sentido, e de forma paralela a uma luta cívica e a exigências como a transparência de prestação de contas de seus governos e a regulação de suas elites, acho que o melhor que uma população poderia fazer é tentar a leitura.













Há algumas semanas a Market Research World publicou o Índice de Cultura Mundial, ranking que refere a relação de diversos países, ou melhor dito de sua população, com diferentes hábitos culturais, entre eles a leitura. E ao revisar este último quesito, os países que encabeçam o hábito de ler é verdadeiramente surpreendente. Suponho que, assim como eu, a maioria de nós pensaria que os países mais leitores do mundo seriam os escandinavos, Japão, talvez Alemanha, mas a verdade é que, ao menos de acordo com este relatório, em realidade é nos países asiáticos onde as pessoas se entregam mais a esta proveitosa prática.

O país que mais lê no mundo é a Índia e ocupa essa distinção desde 2005. Os indianos dedicam, em média, 10 horas e 42 minutos semanais para ler. Os seguintes três postos também são ocupados por países da Ásia, Tailândia, China e Filipinas, enquanto o quinto é, notavelmente, o Egito. Posteriormente vem a nação européia melhor localizada, República Tcheca, seguida da Rússia, Suécia empatada com a França, e depois Hungria empatada com a Arábia Saudita. Quanto a América Latina, o país mais leitor é a Venezuela, no 14º lugar, e depois vêm a Argentina (18º), México (25º) e Brasil (27º) com médias de leitura que rondam menos da metade de tempo que dedicam na Índia.

Chama a atenção que as duas economias com maior potencial, China e Índia, estejam acompanhando com educação seu crescimento explosivo na indústria, mercado e outros. Isto sugere que seu desenvolvimento não só responde ao fato de serem por muito as duas maiores populações do planeta, senão que também a uma verdadeira inteligência e estratégia. Por outro lado, não deixa de ser lamentável confirmar um indício a mais de que os latino-americanos, diferente dos asiáticos, estejamos ainda longe da maturidade necessária para, eventualmente, tomar o relevo de mãos da Europa e Estados Unidos, à cabeça do desenvolvimento econômico e cultural.

Enfim, talvez o fato de estar entre os países que mais tempo dedicam à leitura não assegure a sua população um melhor futuro de acordo às variáveis macroeconômicas ou de progresso, e nem sequer para os padrões de civismo ou felicidade, mas ao menos me parece que é um valioso indicador de maturidade, e sem dúvida, permite a construção de um panorama mais rico e interessante, algo que mais cedo ou mais tarde se materializará em melhores condições de vida.

Enquanto isso vamos ter a copa mais cara de todos os tempos nos estádios mais caros do mundo, algo que mais cedo ou mais tarde se materializará em uma quebradeira geral.

"Não é preciso queimar livros para destruir uma cultura. Basta fazer com que as pessoas deixem de lê-los!"
Ray Bradbury.

Um comentário:

  1. Apesar de ser um estudo divulgado em julho de 2014 (vide a citação da Copa do Mundo), não creio que o Brasil tenha melhorado no ranking de lá para cá, visto que a educação ainda enfrenta graves problemas estruturais. Para piorar, uma reportagem da revista Veja revelou o toma-lá-dá-cá envolvendo duas instituições privadas de ensino superior, manipulando resultados para que somente os seus melhores alunos realizem a prova do ENADE, a fim de garantirem o aporte federal do FIES. Acredito que a internet é a grande responsável pela “fuga” de leitores, pois muitos acabam desenvolvendo a leitura na plataforma virtual (o estudo não especifica se o levantamento se dá por meio de livros físicos apenas), também não acho que essa seja a maneira mais recomendável de desenvolver tal capacidade. Por outro lado, ser o primeiro no ranking não permite garantias sólidas de desenvolvimento, visto que a Índia é um dos países mais pobres do planeta, cujas condições de vida são muito limitadas, sob diversos aspectos. Agora, tomo a liberdade de suscitar a seguinte questão: os livros que são lidos agregam o sentido referencial de crescimento em sociedade (senso crítico) ou são passaportes para universos paralelos (alienadores)? Seria interessante saber até que ponto a leitura individual está contribuindo positivamente para uma independência cultural desses leitores e, consequentemente, para a construção de conhecimento aplicado.

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