Leia sempre, a leitura transforma.

Leia sempre, a leitura transforma.



segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Literatura Fantástica no Brasil

por Filipe Larêdo*
Cortesia de:papodehomem.com.br/a-literatura-fantastica-no-brasil/
FANTÁSTICO:
adjetivo e substantivo masculino (sXIV)
que ou aquilo que só existe na imaginação, na fantasia
etimologia:
do grego phantastikós, 'relativo
à imaginação'; ver fantas-.
fantas- : antepositivo do grego phántasis, 'visão'.
Fonte: Grande Dicionário Houaiss
da Língua Portuguesa online
Quando falamos de literatura fantástica, os primeiros nomes que nos vêm à mente são C. S. Lewis (1898- 1963), J. R. R. Tolkien (1892-1973) e George R. R. Martin (1948-), certo?
No entanto, a despeito de esses nomes estarem no topo dos cânones divinos do gênero e serem considerados a "trindade fantástica", para muitos brasileiros eles não são os únicos a merecerem tal reverência, pois uma produção incessante, feita nos mais diversos rincões do Brasil, vem abastecendo os amantes do gênero já há algum tempo.
Com cenários suficientemente fantásticos e mitológicos, não é de se estranhar que o Brasil seja palco de fascinantes livros ambientados em seu território. Desde o extremo norte até os pampas sulistas, muitas histórias de nossa terra foram narradas a partir de diferentes referenciais - indígenas, negros e europeus. Tal mistura de estilos e variedade de temas oferece rico material para autores nacionais, cujo trabalho vem, nos últimos anos, ganhando destaque e espaço nas estantes das livrarias e nos criados-mudos dos leitores.
BIOGRAFIA
CS LEWIS

Sir Clive Staples Lewis, mais conhecido como C. S. Lewis (Belfast, 1898 - Oxford, 1963), foi um professor universitário, teólogo anglicano, poeta e escritor britânico, nascido na Irlanda, atual Irlanda do Norte. Destacou-se pelo seu trabalho acadêmico sobre literatura medieval e pela apologética cristã que desenvolveu através de várias obras e palestras. É mais conhecido por ser o autor da famosa série de livros infanto-juvenis AsCrônicas de Nárnia, em sete volumes, pela qual recebeu inúmeros prêmios - incluindo a renomada medalha de Carnegie.
Esse cenário é bastante promissor, pois além de gerar oportunidade para aqueles que "estão no batente" há muito tempo, abre espaço para novos autores.
E quanto à "trindade fantástica brasileira"? Mesmo correndo o risco de ser injusto com outros autores de grande destaque, não é absurdo dizer que esta é formada por André Vianco, Raphael Draccon e Eduardo Spohr.
A despeito de grande parte dos brasileiros não cultivarem o hábito da leitura, esses três autores juntos alcançam números que estão muito além da média e podem se orgulhar de já terem vendido livros na faixa dos milhões.
Sim, é verdade. Seus fãs são fiéis e a cada lançamento esperam ansiosamente para ter seus livros autografados. Em tempos de crise de leitura, eles podem ser chamados de verdadeiras estrelas literárias, o que, por si só, causa estranheza em um país que pouco lê.
Leia pouco e será como muitos...
Leia muito e será como poucos.

André Vianco
Mesmo parecendo injusto com outros autores de grande destaque, antes de André Vianco, Raphael Draccon e Eduardo Spohr, a literatura fantástica no Brasil era considerada gênero de baixo escalão.
Porém, eles não são os únicos que fazem os fãs chorarem de emoção ao assinar seus livros e posar para uma foto. Carolina Munhóz, Thalita Rebouças, Cirilo S. Lemos, Eric Novello, Fábio M. Barreto e Affonso Solano também vêm se destacando e já contam com várias dezenas de milhares de fãs e de livros vendidos, causando alvoroço em todas as palestras e lançamentos dos quais participam.

BIOGRAFIA
J. R. R.TOLKIEN

Sir John Ronald Reuel Tolkien, mais conhecido como J. R. R. Tolkien (Bloemfontein, 1892 - Bournemouth, 1973), foi um premiado escritor, professor universitário e filólogo britânico, nascido na África, que recebeu o título de doutor em Letras e Filologia pela Universidade de Liège e Dublin em 1954. Tolkien ganhou renome internacional como autor, entre outras obras, de O Hobbit, O Senhor dos Anéis e O Silmarillion.
Mas por que a grande mídia ainda resiste em lhes dar espaço? Não sei.
De qualquer forma, no Brasil, esse tipo de literatura começa a ganhar destaque graças, sobremaneira, aos nomes citados.

Antes deles, no Brasil, a literatura fantástica era considerada gênero de baixo escalão (ou seja, "baixa literatura"), apesar de as obras estrangeiras serem classificadas como clássicos em seu país de origem.
Alguém se atreveria a chamar O Senhor dos Anéis de baixa literatura? Ninguém em sã consciência faria isso. Antes, precisaria estar ciente de que seria alvo de uma avalanche de críticas de mestres, doutores e pós-doutores, especializados em literatura tolkieniana.
Acontece que a crítica literária no Brasil, embora comece a apresentar sinais de mudança, ainda é bastante engessada no academicismo (é praxe considerar "boa literatura" apenas obras feitas por - ou referendadas por - gabaritados professores universitários).
Dessa forma, forma-se um círculo preciosista totalmente desnecessário, principalmente em um país que encontra graves dificuldades de comunicação entre livros e leitores. Se esse problema ficasse apenas no âmbito da produção, já seria grave, no entanto ele se estende a uma elite consumidora, que negará até a morte que muitas vezes não entende o que lê, já que os livros engessados, intelectualmente herméticos que lhes são oferecidos são considerados "boa literatura".
Felizmente, os leitores já não precisam dos velhos críticos literários para lhes dizer o que é bom ou não. O acesso à internet permite que as pessoas conversem entre si, organizem encontros e saibam quando e onde seu autor preferido estará.
RAPHAEL DRACCON
Um exemplo muito interessante disso é o Simpósio de Literatura Fantástica, que surgiu em 2007 e se orgulha de ser hoje um dos mais importantes eventos de literatura fantástica nacional. Outro exemplo importante são os podcasts que versam sobre cultura pop, literatura pop e também sobre literatura fantástica. Um deles é o Rapadura Cast, cujos idealizadores compõem um time de primeira linha: Raphael Draccon, Carolinha Munhóz, Affonso Solano, entre outros que por conta da imensa quantidade de seguidores utilizam o podcast para a divulgação de seus livros, atraindo, dessa forma, uma multidão de admiradores para o lançamento de suas obras.
Por último, podemos citar o portal Jovem Nerd, que virou uma febre nacional, e o selo próprio, Nerdbooks, que lançou quatro livros e conseguiu vender, sem o apoio formal das grandes redes de livrarias, dezenas de milhares de exemplares - dentre os quais destaca-se Branca dos Mortos e os Sete Zumbis, que obteve tamanho sucesso que teve os direitos de publicação comprados pela Globo Livros.





BIOGRAFIA
GEORGE R. R. MARTIN

George Raymond Richard Martin (Nova Jersey, 20 de setembro de 1948), mais conhecido como George R. R. Martin ou simplesmente GRRM, é um roteirista e escritor de ficção científica, terror e fantasia americano. Sua obra mais conhecida é a série de livros de fantasia épica As Crônicas de Gelo e Fogo. Em 2011, foi declarado, pela revista TIME, uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.
Esses são apenas alguns exemplos da penetração que, por meio de diversos canais midiáticos, a Literatura Fantástica brasileira tem tido no público nacional. Mesmo assim, ainda há uma pergunta que não quer calar: "Por que a grande mídia ainda resiste em dar espaço aos autores nacionais?", a qual parece incomodar não só consumidores, como também autores que se sentem prejudicados, entre eles Paulo Coelho.
Controvérsias à parte, fato é que Paulo Coelho, o autor brasileiro que mais foi traduzido e mais vendeu livros mundo afora, decidiu que era hora de se manifestar a favor da literatura nacional e cancelou sua participação em um dos maiores eventos literários do mundo, a Feira do Livro de Frankfurt de 2013, na Alemanha, na qual o Brasil seria o país homenageado.
Paulo Coelho não contou conversa e falou ao jornal alemão Die Welt que abandonou o evento como protesto por conta de autores da nossa "trindade fantástica", André Vianco, Raphael Draccon e Eduardo Spohr não terem sido convidados para estar entre os setenta brasileiros presentes na lista. No papel de principal autor nacional vivo no cenário estrangeiro, a atitude de Paulo Coelho foi sublime.
Ele afirmou, sem papas na língua, que os autores selecionados para participar do evento não representavam a literatura brasileira como um todo, uma vez que os brasileiros que verdadeiramente faziam sucesso entre seus leitores foram impedidos de participar.
A partir de então, o cenário da literatura brasileira vem aos poucos se transformando. Quando uma figura da envergadura de Paulo Coelho, cuja penetração na mídia nacional e internacional é indubitável, se manifesta, posicionando-se a favor de um lado, todos abrem os olhos e passam a se perguntar: mas quem diabos são esses caras sobre os quais ele está falando?
CONCEITO
PODCAST

Podcast, inicialmente uma forma de transmissão de arquivos de áudio via internet, hoje é uma forma de transmissão de arquivos multimídia, em sua maioria arquivos de áudio e/ou vídeo, disponibilizados e acessados via internet. Pense no podcast como um blog, só que em vez de escrever, as pessoas falam e, mais recentemente, postam vídeos. Podendo ser ouvidos a qualquer hora, os podcasts criam uma espécie de rádio virtual direcionada para assuntos específicos.
Basta uma pequena "fuçada" na vida e obra dos autores da literatura fantástica brasileira para encontrarmos uma mina de ouro, que muito se diferencia das obras engessadas e inacessíveis produzidas pela suposta elite intelectual do Brasil. Em novembro de 2013, André Vianco conseguiu que não só o nome de um de seus livros, Os sete, como o enredo deste fosse citado por uma das personagens da novela das nove da rede Globo - nada mau para um autor cujo teor dos livros em nada se assemelha com o tom "café com bolo" previsível das novelas globais.
Conforme a literatura fantástica brasileira vai sendo assunto nos meios de comunicação, mais leitores são conquistados. Dia após dia, o estímulo à leitura se constrói.
Porém, o cenário ideal seria que grande parte dos brasileiros soubessem quem são esses destacados autores que lutam por um lugar ao sol. Um passo seria fazer como é feito em outros países: O Hobbit e Senhor dos Anéis é indicado como leitura obrigatória nos colégios. Com livros como esses incluídos no currículo escolar, dificilmente uma criança ou adolescente não irá criar carinho e gosto pelo ato de ler.
Nada contra os antigos clássicos da literatura brasileira, mas é preciso ir além e incluir no universo arcaico e conservador que permeia os programas escolares de Língua Portuguesa um extraordinário mundo novo, recheado de vampiros aterrorizando Osasco em A noite Maldita, de André Vianco, Dragões de Éter, de Raphael Draccon e O Inverno das Fadas, de Carolina Munhóz.
*Filipe Larêdo é um amante de livros que aprendeu a editá-los. Atualmente trabalha na Editora Empíreo, um caminho que decidiu seguir na busca de publicar livros apaixonantes. É formado em Direito e em Produção Editorial. Colabora com o blog http://papodehomem.com.br/.

Um comentário:

  1. Olá, Denise
    Tudo bem?
    Adorei conhecer um pouco mais sobre esse tipo de literatura, apesar de adorar, não sabia tanto quanto a brasileira. Amei!
    Beijos*-*
    Território das Garotas

    ResponderExcluir