Obra de Mário de Andrade caiu em domínio público em 2016
© Michelle Rizzo / WikiCommons
|
Obras importantes como as do poeta e escritor pioneiro do modernismo no Brasil, Mário de Andrade, estão em domínio público desde o dia 1º de janeiro de 2016. A SM, por exemplo, já anunciou que lançará uma antologia de contos organizada pelo professor Ivan Marques (USP). O mesmo deve acontecer com outras editoras. Mas nada gere tanta polêmica quanto a célebre obra de Adolf Hitler, Mein kampf (Minha luta). O guia ideológico escrito pelo líder nazista também está na lista dos novos livros que agora caíram em domínio público. Na Alemanha, nos últimos 70 anos, o livro esteve entre as heranças malditas e longe dos olhos dos leitores e das estantes das livrarias. Com a liberação dos direitos, surge a oportunidade de ser publicada pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial, debaixo, claro, de muita polêmica. Estima-se que, desde o seu lançamento até a sua proibição, foram vendidas mais de 12 milhões de cópias do manifesto. Os leitores alemães poderão reencontrar o livro nas livrarias a partir do próximo dia 8, quando a Fundação EVZ, que preserva a memória das vítimas do regime de Hitler, publicará a sua edição comentada e crítica, dividida em dois volumes que totalizam quase duas mil páginas.
No Brasil, antes mesmo de alguma editora anunciar a publicação do manifesto hitlerista, o assunto já gera muita polêmica. No blog da Editora Record, por exemplo, o editor Carlos Andreazza defende que a ocasião é “um poderoso ensejo para se discutir a função do editor no mundo em que vivemos”. “Se o livro existe e se está ao alcance de todos sem qualquer filtro, é, sim, papel do editor entrar em campo, antecipar-se e trabalhar com responsabilidade para que a leitura do texto maldito – já que é inevitável – venha acompanhada de todos os cuidados e contextualizações”, defendeu.
Muito menos polêmico, outro escritor que teve sua obra em domínio público desde o primeiro dia de 2016 foi o austríaco Felix Salten, autor do infanto-juvenil Bambi, que deu origem ao desenho animado da Disney. O seu clássico foi publicado no Brasil pela Cosac Naify, com tradução de Christine Rohrig e ilustrações de Nino Cais. Também caíram em domínio público em 2016: o romancista, crítico literário e dramaturgo britânico Charles Williams, autor de War in heaven e Descent into Hell; o húngaro Antal Szerb, autor de O viajante e o mundo da lua, publicado no Brasil pela Ediouro, em 2007; o romancista naturalista norte-americano Theodore Dreiser, indicado ao Prêmio Nobel em 1930 e autor de obras como Sister Carrie, The Titan e The 'Genius'; o poeta e tradutor britânico Alfred Douglas, com quem Oscar Wilde teve um affair, autor de livros de poesia como The city of the soul e In Excelsis e a não ficção Oscar Wilde and myself, além dos já citados, cairá também em domínio público o poeta francês Robert Desnos, representante do movimento surrealista na França.
As pinturas e os livros do artista José Luiz Gutiérrez Solana, nome importante do expressionismo espanhol, também ficaram disponíveis para todos a partir do primeiro dia de 2016. Entretanto, a famosa obra da menina judia Anne Frank, O diário de Anne Frank , livro no qual a garota relata em um diário como ela e sua família viveram escondidos durante anos para fugir dos nazistas e dos horrores do campo de concentração, não entrou na lista do domínio público, apesar de Anne ter falecido em 1945.A Fundação Anne Frank alega que os direitos da obra pertencem ao pai de Anne, Otto Frank, que faleceu em 1980, pois ele editou e adaptou o livro original para que fosse publicado em 1947. Para entender mais sobre essa polêmica, clique aqui.
Fonte: Blog do Galeano
Nenhum comentário:
Postar um comentário