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sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

O livro certo para começar um novo ano

Publicado Em Literatura Por Christiane Afondopulos

Ao invés de seguir modelos prontos e dicas gerais de como agir para viver melhor, que tal buscar o autoconhecimento, reconhecer as próprias fraquezas e criar os hábitos certos para cada um de nós?



Todo fim de ano é a mesma coisa: refletimos sobre o ano que está terminando e fazemos planos para que o próximo ano seja melhor e mais feliz.

Pensamos em mil coisas, nas mais variadas dicas e técnicas, como se elas fossem de fato transformar nossas vidas e nos trazer um ano diferente de todos os outros.

Mas geralmente não queremos que esses “truques” sejam muito difíceis, precisam ser rápidos e eficientes, e de preferência que não afetem muito nossos hábitos, porque abrir mão de nossas “manias” não é muito agradável.

E é exatamente aí que está o segredo, nos nossos hábitos cotidianos, no agora. Se acreditarmos nisso e fizermos um esforço para transformá-los, talvez não precisemos mais nos preocupar com planos futuros, com dicas extraordinárias que nem sempre servem para todos. Basta focar em sua individualidade e no momento presente.

Foram esses ensinamentos que compreendi a partir do livro “MELHOR DO QUE ANTES” da autora Gretchen Rubin, que na minha opinião é o livro certo para se começar um novo ano.

Gretchen demonstra o poder dos hábitos em nossa vida diária, como podemos transformá-los, e como podemos criar novos hábitos que sejam adequados para nossa personalidade. Portanto, nada de seguir um plano pré-determinado, um conselho do “faça isso” ou “faça aquilo” para que você tenha um ano melhor, pois cada um precisa descobrir através do autoconhecimento o que pode funcionar de modo eficaz e permanente; caso contrário, será mais um ano como todos os outros: eu tentei novamente e falhei como sempre!

Para a autora, “em termos comuns, hábito é geralmente definido como um comportamento recorrente, marcado por um contexto específico, que frequentemente acontece sem muita consciência ou voluntariedade e é adquirido por meio de repetição reiterada” (pág. 17)

Em outras palavras, precisamos encontrar hábitos que nos proporcionem momentos de prazer, para que se tornem comportamentos diários realizados sem nenhum esforço, algo que seja “automático” e que não nos consuma com a preocupação de tomar decisões a toda hora. Dessa forma, não precisaremos mais resistir aos desejos o tempo todo, pois teremos o autocontrole em nossas mãos, ou seja, com um comportamento habitual nos tornaremos pessoas menos ansiosas.

Mas para que isso se concretize, é fundamental o autoconhecimento. Identificar as diferenças é essencial para saber quais hábitos funcionam melhor para cada um de nós.

Pensando nisso, a autora cita em seu livro as “Quatro Tendências”, modelo criado por ela para identificar comportamentos de acordo com as diferentes personalidades (Sustentadores, Questionadores, Condescendentes e Rebeldes). A partir daí, fica fácil colocar em prática algumas estratégias, que seguem mais a frente, para ajudar na manutenção dos hábitos e fortalecê-los.

Gretchen oferece algumas sugestões que parecem muito eficazes, como Monitoramento (autoconsciência do quanto você gasta, por exemplo, ou do quanto consome de tempo ao fazer determinada função); Tarefa Base (começar pelo que é mais importante como dormir, mexer o corpo, comer e beber com mais consciência, se organizar); Agendamento (programar as tarefas, por exemplo, para que nos obrigue a fazer algo determinado, uma repetição de forma previsível, que acaba por fortalecer o hábito); Responsabilidade e Cobrança (dar publicidade ao nosso hábito, por exemplo, pois isso pode nos ajudar a mantê-lo); Primeiro Passo (focar no agora e parar com a procrastinação, pois queremos manter o hábito “para sempre” e “um dia de cada vez” pode ser muito eficaz); Começar do Zero (como os benefícios que uma mudança para novos lugares, por exemplo, pode trazer para nossas vidas); e Iluminação (que diferente de todas as outras, não se programa, simplesmente acontece, e essa tem um poder surpreendente).

De acordo com a autora, as estratégias que podemos seguir incluem: Abstenção ou Moderação (para alguns é mais fácil se abster totalmente de algo que não deseja mais fazer, enquanto para outros basta moderar); Conveniência (pode incluir um elemento de prazer, satisfação ou beleza - quem não gosta? -, pois atividades agradáveis fortalecem os hábitos); Inconveniência (usar táticas para dificultar algum hábito ruim que você deseja abandonar); Salvaguarda (conhecer as próprias tentações e criar mecanismos para evitá-las, pois assim você não tropeça logo no começo, ao contrário, você cria uma exceção consciente e continua no controle, “longe dos olhos, longe do coração”; seja realista); Brechas (reconhecer nossas “brechas” e fraquezas permite que não nos enganemos); Distração (mudar deliberadamente o foco, ou seja, adiar a vontade por um curto período de minutos, por exemplo, e quando você percebe, já está fazendo outra coisa; “às vezes é mais fácil mudar o ambiente do que a si mesmo”); Recompensa (é importante encontrar uma recompensa intrínseca ao hábito, ele em si, e não fora, para que ele se fortaleça e cresça); Agrados (diferente das recompensas, estimula os hábitos, como fazer algo porque quer, um hobby por exemplo, algo para relaxar); e Pares (unir duas tarefas para manter o hábito desejado; geralmente o que você quer fortalecer, que nem sempre pode gostar muito, com um hábito mais agradável).

Para todas essas estratégias, a autora cita inúmeros exemplos em seu livro, bem como cada personalidade lida com eles, o que nos ajuda a compreender tudo isso de modo mais preciso.

Por fim, ela aponta elementos que estão diretamente ligados à formação e abandono de hábitos, como a Clareza (saber exatamente o que você valoriza e como espera agir diante disso, ou seja, saber escolher diante de um conflito quando se deseja fazer duas coisas ao mesmo tempo); a Identidade (saber exatamente quem somos e o que nos faz bem, e aqui a importância do autoconhecimento); e Outras Pessoas (a realidade de como as outras pessoas influenciam nossos hábitos e vice versa, devemos ter consciência disso para progredir).

É evidente que ao longo desse processo passaremos por alguns obstáculos, alguns tropeços, porém precisamos nos autoencorajar a todo instante e deixar a culpa de lado. Como diz Gretchen, “as pessoas que se sentem menos culpadas e mostram compaixão por si mesmas frente ao fracasso são mais capazes de retomar o autocontrole, enquanto que aquelas que se sentem profundamente culpadas e envergonhadas precisam se esforçar mais”. (pág. 178)

Algumas pessoas podem entender essa obra como algo muito rígido e pouco natural, do tipo “não deixe a vida rolar, se programe como um robô, crie um padrão, faça listas, e depois disso as confira e fiscalize!”

Confesso que no começo até me inclinei um pouco para esse lado, mas depois percebi que um pouco de planejamento não faz mal a ninguém. Até porque, se trabalharmos nosso autoconhecimento e descobrirmos os hábitos que nos fazem bem, só temos a ganhar...não será nenhum esforço, não se tornará nenhum padrão rígido, não agiremos como robôs. Ao contrário, encontraremos um caminho tranquilo, saudável, e seremos capazes de realizar esses comportamentos de forma natural, sem ansiedade e tornaremos nosso dia a dia muito mais feliz.

Ainda que no início seja um pouco estranho e que se dê algumas “escorregadas”, acho que vale a pena tentar e abrir mão de algumas “manias” negativas! Cultivar bons hábitos diários parece ser o caminho para uma experiência de vida bem realizada. No mais, certamente nossa mudança com hábitos positivos afetará pessoas próximas, e assim por diante, o que nos traz esperança de vivenciar atitudes mais conscientes, e quem sabe um ano melhor do que antes! Feliz 2016!

Livro "Melhor do que Antes" de Gretchen Rubin
Melhor do Que Antes


Aplicando a tese na vida real (exemplo): No meu caso particular, tenho a péssima mania de dar opiniões e palpites em horas erradas. Considero isso um hábito ruim, que faz mal a mim mesma e às pessoas com quem convivo, e desejo muito mudar esse comportamento. Decidi seguir a estratégia da Distração. A partir de agora, quando sentir vontade de opinar ou responder num momento inoportuno, vou pensar o seguinte: “Respire, não fale nada agora. Responda daqui a 15 minutos...você vai falar, mas espere um pouco”. Nesse meio tempo, talvez já tenha mudado meu foco, além de ter a oportunidade de refletir melhor sobre o que iria dizer. Coloque seu caso em prática também! Descubra uma boa estratégia e boa sorte!

Notas: Gretchen Rubin mantém uma página pessoal na internet com diversos artigos, testes, além de receber questões por e-mail. Basta acessar a página http://gretchenrubin.com/

Além disso, é possível também acompanhar as novidades através da sua página no Facebook: https://www.facebook.com/GretchenRubin



CHRISTIANE AFONDOPULOS
Psicóloga e Advogada, mas que acima de tudo ama escrever e se encontrar em meio às palavras.

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