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sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Conheça Gustavo, o menino maluquinho por leitura



Jéssica Rebeca Weber - Zero Hora - 28/11/2016

Ele se chama Gustavo Machado de Oliveira. Mas ao se identificar, o menino de oito anos de Canoas incrementa o nome.

— É Gustavo Machado de Oliveira Maluquinho — sopra ao ouvido da repórter.

Fã das obras de Ziraldo (autor de O menino maluquinho) e de séries infantojuvenis como Diário de um banana, o guri de 1m23cm de altura e franjinha reta na testa já lê mais de 40 vezes a média do brasileiro. Graças a dois caderninhos onde anota os nomes das obras, sabe que já leu 413 publicações desde o ano passado — 515 se contar também os gibis. Em 2016, foram 214 livros.

— Por enquanto — acrescenta rápido, compartilhando os planos de ler pelo menos mais 30 até o fim deste ano.

O pai, o militar Sérgio Costa de Oliveira, 42 anos, e a mãe, a professora de anos iniciais Fabiana Machado de Oliveira, 39 anos, contam que o menino sempre foi adiantado. Com apenas um ano e meio, deu-lhes um susto quando começou a apontar e pronunciar vogais em um livro sobre brincadeiras infantis. No seu primeiro veraneio na praia, com apenas dois anos, não quis saber de castelinhos na beira do mar: fez o pai lhe ajudar a fazer o alfabeto em montinhos de areia.

Vocabulário reforçado pelo hábito da leitura

Gustavo começou a ler sozinho assim que entrou na escolinha, com três anos e meio. Não demorou para que os papéis na casa se invertessem: em vez de a mãe ler para ele, ele passou a ler para a mãe, que chegava a cair no sono embalada pela voz do filho.

O menino também curte andar de bicicleta e praticar judô, mas leva para tudo que é lugar um ou dois livros porque gosta de "viajar na imaginação" e aprender novas palavras. Com um vocabulário avançado — usa termos como "falatório" e "constrangedor" —, gaba-se de saber a maior palavra da língua portuguesa. Fala bem rápido, e depois repete, pausadamente, para a anotação da repórter:

— Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiose. Sem acento.

Perguntado sobre o significado, não titubeia:

— É uma doença que se pega com as cinzas do vulcão.

O garoto começou a anotar o nome das obras que lê no ano passado, a pedido da professora de 2° ano no Colégio Concórdia, de Canoas, Christiane Oliveira, que também é tia do menino e uma de suas maiores incentivadoras. Bateu o recorde da turma naquele ano, com 199 livros e 70 gibis vencidos honestamente — a mãe é testemunha de que, enquanto não chegava ao ponto final, ele não marcava no caderno.

Então, ganhou o emblemático chapéu de menino maluquinho, em formato de panela, que usou no dia 12, quando Ziraldo autografou seus livros na Feira do Livro de Porto Alegre. Enquanto os colegas conversavam e agitavam durante a espera pelo autor, na Praça da Alfândega, ele lia, concentradíssimo.

A mãe atesta que quando Gustavo tem um livro nas mãos, o garoto consegue se isolar do resto do mundo. Tanto que, quando vão ao shopping comprar um novo título, ele já sai da livraria lendo. Fabiana precisa ir atrás dele, direcionando a criança até a porta de saída. Não é fácil ser mãe de um "leitor maluquinho", mas ela acha o apreço do filho pela leitura algo maravilhoso:

— Sei que ele vai ter o futuro que ele quiser.

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