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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Diário de Inovações Professora cria caderno de elogios para valorizar autoestima dos alunos

Com meditação e trabalho interdisciplinar, crianças de uma comunidade pesqueira do Rio Grande do Norte passaram a se concentrar mais nas atividades escolares

por Sandra Cristina da Silva Cassiano - 11 de janeiro de 2017

Tenho vinte anos de experiência na sala de aula, mas só pude comprovar há dez anos atrás o quanto é importante elogiar e valorizar a autoestima das crianças. Trabalho com os meus alunos de forma interdisciplinar e faço rodas de conversa que ajudam a direcionar a nossa mente para práticas contemplativas e meditativas.

A ideia é extrair o que as crianças têm de melhor. Durante alguns minutos, agradecemos por tudo o que temos e pensamos em sonhos que já foram realizados. Apesar de enfrentar resistência no início, aos poucos começamos a alcançar os nossos objetivos. No Centro de Educação Integrada de Maracajaú, em Maxaranguape (RN), os alunos do quinto ano do ensino fundamental passaram a ter melhor concentração, o que facilita bastante o rendimento nas atividades escolares.

– Quer saber mais sobre o tema? Especial Competências Socioemocionais

Para que os alunos possam adquirir confiança e demonstrar os seus interesses, organizo pequenos grupos de estudo com monitores. Faço a distribuição deles conforme diferentes níveis de aprendizagens, possibilitando que tirem dúvidas e aprendam juntos. Ao perceber que podem auxiliar no processo de aprendizagem dos colegas, eles sentem ser úteis e também ficam mais seguros.

Todos os dias tentamos usar palavras positivas e frases afirmativas. Na nossa sala, construímos um caderno de elogios e uma mala de sabedoria com livros e histórias altruístas. Nós confeccionamos o caderno com folhas de rascunho e decoramos com recortes, colagens e desenhos criativos feitos pelos alunos.

Também chamamos essa atividade de correio da amizade. Durante a semana, escolhemos um momento no início ou no final da aula para escrever elogios aos colegas, professores ou qualquer outra pessoa da comunidade escolar. É um momento grandioso, que além de estimular a leitura e a escrita, ainda ajuda a melhorar o relacionamento na escola.

O projeto está sendo ampliado, e outros professores dos anos finais do ensino fundamental estão trabalhando com essa ideia. O caderno de elogios também é usado pela equipe pedagógica e os demais funcionários da escola. Nós deixamos ele na sala dos professores e em algum momento do dia exaltamos as qualidades dos nossos colegas para manter um ambiente de convívio harmonioso.

Faço esse trabalho há dez anos, pois me coloco no lugar dos alunos, que estão acostumados a passar uma manhã inteira levando broncas, fazendo tudo o que os professores pedem e sendo obrigados a sentar em outro lugar para não conversar com o colega do lado.

Tenho duas filhas e sempre pergunto como elas gostariam que os professores atuassem na aula. Com esse retorno, tenho ampliado minhas manhãs com atividades inovadoras, que buscam unir a prática e usar os livros para transformar a aula teórica de forma desafiadora.

O professor Marcos Rogério Silvestre me possibilitou conhecer, estudar e aprofundar meus conhecimentos no modelo do Projeto Âncora. Aprendemos com os demais colegas de trabalho e, principalmente, com o educador José Pacheco sobre autonomia, diversas formas de avaliar uma criança e como ter um momento de escuta para saber o apelo de cada um dos nossos grandes gênios. Cada um é diferente, aprende de uma forma diferente e gosta de coisas diferentes.

Mesmo trabalhando em uma pequena comunidade pesqueira, encontro pais gratos pela educação global dos seus filhos. Eles se envolvem em pequenas ações e também contam que percebem uma mudança de comportamento e atitudes por parte das crianças. Com uma educação emocional e afetiva, tento preparar as crianças para um mundo novo.

Sandra Cristina da Silva Cassiano
Pedagoga com experiência em psicopedagogia clínica e psicopedagogia institucional. É professora no Centro de Educação Integrada de Maracajaú, em Maxaranguape (RN). Já atuou como coordenadora e tem experiências na educação especial, tendo trabalhado na sala de recursos multifuncionais.

Fonte: Porvir

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