Carlo Carrenho - Publishnews - 27/06/2017
O mês de junho se revelou bastante frutífero para a Árvore de Livros, plataforma que oferece livros digitais para escolas no modelo de assinaturas. No início do mês, a empresa subiu cerca de 200 títulos da Editora Gente em seu catálogo, e na semana passada assinou um contrato com o Grupo Editorial Record, a primeira empresa distribuída pela agregadora DLD a entrar na plataforma. Com isto, a Árvore de fortalece seu catálogo de aproximadamente 11 mil títulos oriundos de editoras comerciais, ou seja, sem contar edições independentes e self-publishing. O grupo Record disponibilizará apenas 50 títulos neste primeiro momento, mas ainda assim João Leal, co-fundador e diretor da plataforma, comemora. “Começar com poucos livros é uma ótima maneira de testar a plataforma e iniciar o relacionamento”, explica o empreendedor carioca de 33 anos. “A editora Global começou com apenas 30 livros e hoje temos um ótimo relacionamento que se reflete em agilidade na hora que as escolas pedem um livro que ainda não está em nosso catálogo”, continua.
Atualmente, 180 editoras já marcam presença na plataforma de empréstimos de livros digitais, mas desde o ano passado a empresa passou a dar mais foco na adesão das escolas à plataforma. O resultado é que a Árvore de Livros terminou 2016 com cerca de 50 escolas clientes e planeja terminar este ano com mais de 200 contratos assinados com instituições de ensino para utilização da plataforma em 2018. Este número não inclui sistemas de ensino, os quais têm estado na mira empresa carioca. “Estamos perto de sacramentar dois sistemas de ensino, e faz total sentido trabalharmos com eles porque o sistema resolve o lado do conteúdo didático, mas não do conteúdo de literatura”, afirma João Leal. “E como o objetivo dos sistemas é agregar soluções, faz sentido utilizarem a plataforma da Árvore de Livros para suprir uma necessidade não resolvida por eles”, finaliza.
O foco de atuação da Árvore de Livros é o mercado escolar privado e não o governo. “Além das implicações burocráticas, temos receio de lidar com questões políticas, o que nos leva a ter um pé atrás com escolas públicas”, explica João Leal. Isto não tem impedido, no entanto, que a plataforma desenvolva projetos-piloto, sem remuneração, com a prefeitura do Rio de Janeiro e o Estado de São Paulo. Na capital fluminense, a plataforma é utilizada por 7 mil alunos do Ensino Básico, e o projeto sobreviveu à mudança de governo. Já em São Paulo, a Árvore de Livros foi selecionada em 2015 pela iniciativa Pitch Gov daquele estado, a qual busca soluções inovadoras para os problemas enfrentados pelo governo. O contrato foi finalmente assinado em maio deste ano, o treinamento de professores foi iniciado, e o projeto entrará em funcionamento na última semana de julho. Serão mais de 42 mil alunos, 40 escolas e 2 mil professores, sempre do Ensino Médio. Para dar conta de uma ação tão grande, a Árvore de Livros conta com o apoio da Fundação Lemann para a implementação do projeto. A entidade fornecerá mão de obra de treinamento e de análise estratégica dos resultados o projeto específico com o governo paulista.
João Leal ressalta que o uso da Árvore de Livros nas escolas não está levando à eliminação total dos livros de papel. “Não somos uma substituição total do livro físico, e a escola entende que ainda precisa dos livros impressos e da biblioteca”, afirma João Leal. “Acho que a tendência é um sistema híbrido entre os dois formatos”, profetiza.
Editoras que queiram testar a plataforma, mas não se sentem à vontade para assinar um contrato de longo prazo, podem participar dos projetos de leitura que a Árvore de Livros incorporou à sua estratégia de promoção. Nos últimos meses de março e abril, o projeto Maratona do Livro Infantil contou com o apoio da Editora Melhoramentos para criar uma corrida de leitura, onde os livros lidos geravam pontos convertido em quilômetros. Cerca de 300 escolas participaram com uma turma do 4o ou 5o anos do Ensino Fundamental. A atividade final envolvia criar uma ilustração inspirada pelo mundo do Menino Maluquinho, o famoso personagem de Ziraldo, autor que visitou as escolas vencedoras como prêmio. “Ficamos surpresos com o engajamento dos alunos e todos os recordes da plataforma foram batidos”, comentou João Leal. “A média de leitura foi de 9 livros por aluno durante o mês do projeto se considerarmos como lido um livro com leitura de mais 80% de suas páginas, e nossa plataforma possui este controle”, continuou.
O segundo projeto de leitura aconteceu agora durante maio e junho. Intitulado “Festival de Curtas da Árvore”, ele contou com o apoio da editora Autêntica e desafiava alunos do 8o e 9o anos do Ensino Fundamental a ler um livro em grupo e produzir um filme. Mais uma vez, 300 escolas participaram. O resultado será anunciando na próxima sexta-feira, 30/06, e o júri contou com a participação da escritora Bárbara Morais, autora da Autêntica, e do ator Wagner Moura. “Dado o sucesso destes projetos de leitura, pretendemos lançar um calendário de vários deles agora em agosto, e estamos abertos a editoras que ainda não estão na nossa plataforma caso elas se interessem em participar”, convida João Leal. “Queremos atingir 1000 escolas com nossos projetos de leitura”, sacramenta o empreendedor.
No seu ritmo e sem alarde, a Árvore de Livros está provando que é preciso escolher um solo adequado e semear de forma apropriada para que os primeiros frutos apareçam e sejam de qualidade. A chegada de títulos do grupo Record e da Editora Gente na plataforma é a prova de que os jardineiros da Árvore de Livros estão no caminho certo para terem um belo pomar de literatura
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